África do Sul: Greves fecham minas

13-10-2012 00:00

 

África do Sul: Greves fecham minas

 

África do Sul: Greves fecham minas

A onda de greves que atinge o sector mineiro sul-africano desde o início de Agosto está a forçar as empresas a despedir milhares de trabalhadores e a encerrar várias minas, disse ontem (terça-feira) o director de uma das maiores empresas do sector.

Mark Cutifani, director-executivo da AngloGold Ashanti (do grupo Anglo America), alertou numa conferência de Imprensa em Joanesburgo para as consequências para a indústria mineira e para o país da nova vaga de greves, que tem como característica inédita não ser sancionada pelos sindicatos e, por isso, não obedecer ao quadro negocial legal que vigora na África do Sul.

"A indústria mineira está no fio da navalha, 50 por cento das empresas de platina estão a perder dinheiro neste momento" revelou aquele executivo.

A violência associada às greves continua também a ser um factor de grande preocupação para os agentes económicos e a sociedade em geral. Depois das mais de 40 mortes que se registaram entre os grevistas da Lonmin em Marikana em agosto, vários outros incidentes continuaram a verificar-se em minas do país.

O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM), Frans Baleni, revelou que cinco pessoas, duas das quais eram mineiros, morreram no domingo nas instalações da Impala Platinum, arredores de Rusteburg, em incidentes relacionados com uma greve em curso na empresa.

As quatro minas de platina da Anglo Platinum (Amplats, também do grupo Anglo-America) na zona de Rustenburg estão paralisadas há duas semanas, tendo perdido nesse período 20 mil onças de produção, e ameaça agora despedir 24 mil dos 35 mil mineiros que estão em greve se eles não regressarem ao trabalho ou não se apresentarem nas audiências marcadas na sequência dos processos disciplinares instaurados.

Várias outras empresas mineiras são afectadas pelas greves, que começaram a estender-se, em cadeia, logo após a da mina de platina de Lonmin, que resultou na morte de mais de 40 pessoas e numa negociação sem a participação dos delegados sindicais e que resultou num acordo salarial muito favorável aos mineiros.

As greves selvagens estenderam-se a várias minas da AngloGold, bem como da Gold Fields e da Samancor em redor de Joanesburgo e na chamada "cintura da platina" na região de Rustenburg, no noroeste.

A mina Chrome Western, da Samancor, perto de Rustenburg, foi forçada a reduzir a produção devido à paralisação de 400 dos seus mineiros, iniciada na passada sexta-feira.

Em todo o país, o número de mineiros em greve, total ou parcial, é calculado em 80 mil e as entidades patronais afirmam ter grandes dificuldades em dialogar com os grevistas ou em negociar em torno das suas reivindicações, porque em muitos casos, além da ausência de delegados sindicais, as reivindicações não são claras, negociando-se em torno de números flutuantes ao sabor dos grupos e pessoas envolvidos nas paralisações.