Greves nas obras PAC paralisam mais de 80 mil operários em todo o País

06-04-2011 00:11

 

Greves nas obras PAC paralisam mais de 80 mil operários em todo o País
  

Brasil - Laboral/Economia
Sexta, 01 Abril 2011 16:51
 PCO - O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) implantado pelo governo do PT é um verdadeiro programa de distribuição de dinheiro da população trabalhadora para as grandes empreiteiras.
________________________________________
As greves e revoltas que estão ocorrendo nas principais obras do PAC estão revelando um dos maiores programas de transferência de dinheiro público da população trabalhadora para o bolso das grandes empreiteiras. As grandes obras foram distribuídas entre as maiores empreiteiras de forma uniforme.
O PAC se distribui em 21 grandes obras que somam o gasto de mais de R$ 105,6 bilhões desde o início do programa em 2008. As principais empresas beneficiadas são a Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Egesa, Mendes Júnior, Constran, EIT - Empresa Industrial Técnica, Serveng e Odebrecht.
A situação é extremamente grave e segundo dados do Planalto estima-se que mais de 80 mil trabalhadores estão em greve neste momento nas obras e duas grandes construções estão com as suas atividades paralisadas devido a conflitos entre os trabalhadores e as empreiteiras.
As principais obras com conflitos são:
Usina Hidrelétrica de Jirau
A construção da Usina Hidrelétrica de Jirau no Estado de Rondônia, a maior obra do país foi o palco de conflitos de trabalhadores com as empreiteiras, onde todos os alojamentos, 50 ônibus, veículos da empresa e alguns escritórios administrativos foram incendiados pelos trabalhadores e impulsionou trabalhadores de outras obras a seguirem o mesmo caminho. O resultado desse conflito foi a completa paralisação das obras, operários foram transferidos para as cidades do entorno, muita repressão com a participação da Força Nacional de Segurança e cerca de 15 trabalhadores presos.
Usina Hidrelétrica de Santo Antônio
Devido aos acontecimentos que ocorreram em Jirau, as obras de construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antonio, também no rio Madeira em Rondônia, foram paralisadas devido à greve e as manifestações dos trabalhadores. A obra está orçada em R$ 6,1 bilhões e cerca de 15 mil trabalhadores receberam folga até a situação ficar sob controle. No ano de 2010 os trabalhadores se revoltaram com as empreiteiras e queimaram veículos colocando as empreiteiras contra a parede.
Usina Hidrelétrica São Domingos
A Usina Hidrelétrica São Domingos, com operação prevista para março de 2012, está localizada no Rio Verde, entre os municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo no Estado do Mato Grosso do Sul. Uma obra que custará aos cofres públicos cerca de R$ 370 milhões. Cerca de três mil pessoas trabalham na construção da usina e se revoltaram a exemplo da usina Jirau, colocando fogo nos alojamento e veículos das empreiteiras. A obra está parada e cerca de 80 trabalhadores foram presos.
Complexo de Suape
Outra grande obra afetada pela onda de greves no PAC é a construção da Refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica de Suape, localizadas no Estado de Pernambuco. A obra está orçada em R$ 12 bilhões e a greve teve início com os 5 mil operários do consórcio Conest, formado pelas empresas Odebrecht e OAS. Logo trabalhadores de outras prestadoras de serviço e de outras obras do complexo resolveram aderir a paralisação, somando a greve cerca de 30 mil operários.
Termelétrica de Pecém
Em São Gonçalo do Amarante Ceará foram paralisadas as obras da Termelétrica de Pecém devido a greve de 6 mil operários da construção civil que durou 12 dias. O orçamento de construção foi de R$ 1,9 bilhão.
Ponte sobre o Rio Madeira
As obras de construção da ponte sobre o rio madeira em Porto Velho no Estado de Rondônia se encontram paralisadas devido à greve por tempo indeterminado dos 300 trabalhadores que participam da construção.
Minha Casa, Minha Vida
Cerca de sete mil trabalhadores da construção civil na construção de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, também financiadas pelo PAC, paralisaram suas atividades por tempo indeterminado em diversas regiões do país.
Outras obras estão ameaçadas de paralisação como a construção da ferrovia transnordestina e transposição do rio São Francisco.
As reivindicações dos trabalhadores são todas semelhantes. Lutando contra salários extremamente baixos, o não pagamento de horas extras, atrasos na participação nos lucros, péssimas condições de trabalho etc. os trabalhadores reivindicam direitos básicos garantidos pela CLT que são ignorados pelas empresas que recebem rios de dinheiro do governo e exploram a mão de obra muito além dos limites suportáveis.
Chama a atenção também o fato de que há denúncias de repressão aos trabalhadores por parte de seguranças das obras e das forças policiais locais.
A situação é tão grave que nas obras de Jirau os trabalhadores foram levados ao extremo de partir para o conflito, destruindo ônibus e os alojamentos.
A soma bilionária entregue as empreiteiras não se reflete na melhoria das condições de trabalho e salários dos trabalhadores. O que foi visto nessas últimas semanas foi justamente o contrário. São símbolos do desrespeito a legislação trabalhista e as condições de vida dos operários.
Essa situação deixou o governo em alerta porque pode impulsionar as lutas dos trabalhadores não somente nas obras do PAC, mas para setores e regiões mais importantes do país. Segundo cálculos das centrais sindicais, são aproximadamente um milhão de trabalhadores nas obras do programa que em uma crise poderia desestabilizar qualquer governo.
A presidenta Dilma Rousseff escalou o ministro Gilberto Carvalho para acompanhar de perto a questão, que marcou uma reunião entre as centrais sindicais, governo e empreiteras na tentativa de controlar a situação pela burocracia sindical através das organizações dos trabalhadores.
A política do Partido dos Trabalhadores de corrupção e entrega do dinheiro da população aos bancos e grandes empreiteiras está cada vez mais evidentes para a população, que começa a se levantar contra essa condição extrema exploração.