WIKILEAKS

07-12-2010 23:16

 O caso Wikileaks 

Ameaçado de morte, Julian Assange decide se entregar à polícia para denunciar a perseguição política

O advogado do fundador do portal Wikileaks, que divulgou milhares de documentos secretos do governo norte-americano, procurou a imprensa nesta segunda-feira (6/12) para informar que Julian Assange recebeu da polícia metropolitana de Londres a ordem de prisão pedida pelo governo da Suécia

7 de dezembro de 2010

 

As acusações de que Julian Assange teria molestado sexualmente duas jovens na Suécia foram a base para uma campanha de calúnias e para a perseguição contra o fundador e editor do portal Wikileaks em praticamente todos os países do globo. Um “alerta vermelho” divulgado pela Interpol tornou possível a que Assange fosse preso em qualquer um dos 188 países-membros da organização atendendo à reivindicação do governo sueco.

Nesta segunda-feira, após uma semana de intensa perseguição e censura contra o portal Wikileaks, o advogado de Assange, Mark Stephens, procurou a imprensa para informar que seu cliente pretende procurar a Polícia Metropolitana de Londres para responder ao mandado de prisão expedido internacional pela Justiça sueca.

Ao que tudo indica, Assange preferiu se entregar à polícia na Inglaterra, onde está escondido, para poder denunciar publicamente o que seu advogado afirmou ser uma “farsa política”. O local e a data do encontro ainda não foram divulgados. 

Fechando o cerco 

Ao longo dos últimos nove dias, tanto o portal Wikileaks quanto seu fundador sofreram com a intensa perseguição do governo norte-americano e de seus correspondentes em diversas partes do mundo.

Após ter dado início à publicação de mais de 250 mil documentos secretos das embaixadas dos EUA em diversos países, o portal Wikileaks foi alvo de sucessivos ataques promovidos por “hackers” que o tiraram do ar pelo menos três vezes durante a última semana. Assange, por meio de seu advogado, afirmou considerar que se trata, na realidade, de ataques promovidos pelas agências de inteligência norte-americanas.

Além disso, a entidade pública responsável pela concessão de domínios de internet nos EUA, cancelou a permissão para que o Wikileaks se mantivesse no ar sob o endereço “wikileaks.org”. O portal foi ainda forçado a procurar outra empresa para hospedar seu conteúdo, uma vez que a norte-americana Amazon.com decidiu expulsá-lo na última semana, seguindo o pedido feito por um senador do Partido Republicano.

Depois de ter conseguido restabelecer a publicação de seu conteúdo na Internet a partir de uma empresa de hospedagem de páginas web na Suécia, o portal Wikileaks sofreu um novo ataque. A empresa norte-americana que gerencia pagamentos via internet, a PayPal, bloqueou a conta por meio da qual o portal recebia doações, paralisando cerca de 80 mil dólares dos fundos da organização. Nesta segunda-feira foi a vez do banco suíço Postfinance congelar mais cerca de 41 mil dólares cancelando a conta aberta por Assange para recolher doações e manter seu portal na internet funcionando.

Em entrevista à rede de televisão britânica BBC1, o advogado de Assange afirmou que tanto ele quanto seu cliente têm sido vigiados por agentes policiais dia e noite.

Acuado pela polícia e pelo enorme aparato de inteligência e repressão do imperialismo mundial, Assange se viu diante de um impasse: manter-se na clandestinidade poderia causar ainda mais problemas e trazer ainda mais dificuldades para seus propósitos - a divulgação dos documentos norte-americanos - além de impedir que ele próprio possa vir a público denunciar a campanha de calúnias, a perseguição política e a tentativa de censura promovida pelo imperialismo.

A crescente pressão sobre Assange e diretamente sobre o portal - os diversos ataques que sofreu e as tentativas de cortar os fundos da organização - adquiriram um tom mais agressivo quando, na última semana, a ex-candidata a vice-presidente dos EUA, Sarah Palin (Republicana) bem como membros do governo canadense e figuras públicas do Partido Republicano pediram, sem meias palavras, que Assange fosse perseguido como “um terrorista” e, até mesmo, assassinado, por ter divulgado os documentos das embaixadas na Internet.

Ao se entregar, Assange poderá utilizar o julgamento do processo-farsa que o acusa de ter cometido crimes sexuais para denunciar a sórdida campanha de calúnias contra sua pessoa e a tentativa de desfigurar o trabalho de divulgação de documentos de interesse público e grande valor para o entendimento da situação política mundial.

 

fonte: sítio pco